segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Visão Social da Homossexualidade no Brasil

Deixa eu começar com uma breve história.
No dia em que contei para meus pais que eu era homoafetivo minha mãe me disse duas coisas. A primeira "Você não vai se vestir de mulher não né?" e a outra "Não vamos contar para mais ninguém sobre isso tá! Existe muito preconceito e ninguém precisa saber".
Bem, só para esclarecer eu sempre tive um comportamento masculino, não porque tenho algo contra "afeminados", mas por ser de minha natureza. Quando contei para meus amigos alguns deles demoraram meses até acreditar. E muito tempo depois de todos do meu bairro saberem uma conhecida minha me disse "eu te admiro muito, porque as pessoas respeitam você, porque desde que você se assumiu você não mudou em nada o seu comportamento e a sua forma de lidar com as pessoas" - fica claro assim que quando você diz ser homoafetivo as pessoas esperam que no dia seguinte você troque seu armário totalmente e se torne uma "quase-mulher"como diria Jorge Lafond.
A liberdade que senti ao contar para todos foi uma liberdade de falar abertamente sobre mim e de meus relacionamentos, poder apresentar meu namorado aos meus amigos e sairmos todos juntos sem precisar ter uma vida dupla, sem nenhuma necessidade de mudar meu comportamento ou meu guarda-roupas.
A grande questão aqui é a visão social do homossexual. Quando você diz ser homossexual as pessoas começam a vasculhar a mente e procurar referências na tv, no cinema e na própria vida delas. Se pararmos para pensar no universo LGBT apresentado pela tv brasileira nos iremos citar: Jorge Lafound, Mama Brusketa, Christian Pior, Ronaldo Ésper, Clodovil, Nany People, Jeca Gay, Senhor Nadir, Dra. Percy entre outros que não me lembro agora.
Não precisa pensar muito para concluir que tipo de refências temos sobre os gays. Esse tipo de estereótipo acaba sendo prejudicial por mostrar apenas uma das várias ramificações comportamentais dos homoafetivos, forçando uma padronização muitas vezes impostas pelos próprios grupos homossexuais. Eu mesmo já ouvi várias vezes homossexuais dizerem pra mim "se solta", "não precisa fingir colega".
Pensando nisso, a GLAAD - Gay & Lesbian Alliance Contra A Difamação - criou o a "GLAAD Media Awards" em 1990 nos EUA, com o propósito de reconhecer e homenagear os meios de comunicação por uma justa e honesta visão dos LGBT, contribuindo em passar uma boa imagem e desmistificar os estereótipos. A GLAAD incentiva que os homoafetivos contem suas histórias nos filmes e séries de tv para mostrar como são de verdade.
Aqui no Brasil ainda estamos muito longe disso. Os gays nas novelas assumem papeis secundários e muitas vezes são rejeitados pelo público como o caso da lésbica que tiveram que matar na novela, o beijo gay que não foi ao ar e mais recentemente o adolecente gay da novela "Caras e Bocas" que teve que arranjar uma namorada para acabar com as desconfianças do público brasileiro.
Como já disse em outro post, já se foi o tempo em que dizer que existirmos era o suficiente, os LGBT's que apareceram na tv brasileira até hoje já cumpriram esse papel, mas chegou a hora de dizer "como" realmente somos e nos comportamos, de forma honesta e livre de estereótipos.

Fonte: http://www.glaad.org/Page.aspx?pid=183

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