domingo, 16 de agosto de 2009

O Poder do Dinheiro Gay

Em 28 de julho de 1989, o famoso episódio do Stonewall - Estados Unidos - foi o pontapé inicial para o surgimento dos primeiros grupos ativistas e Ongs voltados à comunidade gay. No ano seguinte New York foi a capital da primeira "parada do orgulho gay". O movimento se espalhou pelo mundo, assim como o número de ativistas, Ongs e pessoas que se assumiam publicamente como homossexuais.
Desde então, as paradas começaram a movimentar o mercado de forma significativa, aumentando o consumo em companhias de viagens, hotéis e comércios. Não apenas movidos pelo público gay, mas também por uma nova "classificação" social denominada "simpatizantes" - amigos e parentes de homoafetivos que como consumidores e investidores, de acordo com estudos recentes , se preocupam cada vez mais em saber se uma empresa é ou não "gay friendly". Rapidamente surgiu o termo "pink money" e o interesse crescente do marketing em identificar as características desse "novo mercado".

Em 21/06/2006 a revista "Isto é Dinheiro" publicou uma matéria falando sobre a parada de São Paulo daquele mesmo ano:
"Com dez anos de existência, a Parada tornou-se o principal evento da cidade, deixando para trás até o milionário circo da Fórmula 1, segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), órgão oficial de turismo da capital paulista. A Parada atrai cerca de 600 mil turistas, que vêm para participar da manifestação, fazer compras e se divertir nos bares, restaurantes e casas noturnas paulistanas. "São pessoas que chegam com uma semana de antecedência e permanecem na cidade até o final do evento. Fora transporte e hospedagem, gastam no comércio local de R$ 180 a R$ 200 milhões", diz Caio Luiz de Carvalho, presidente da SPTuris. "Os gays são o cliente que todo mundo quer: gastam muito e ficam bastante tempo." Com tanta gente e dinheiro, é de se concluir que o evento tenha muitos patrocinadores, dispostos a mostrar seus produtos para esse público poderoso, como acontece com outras Paradas, no mundo todo"
“As empresas estão se preparando agora. É uma fase de transição entre um mercado que era tabu para uma grande oportunidade de negócio”, diz Franco Reinaudo, sócio da operadora Álibi Turismo, e fundador do Bureau de Negócios GLS, um grupo de empresários gays e simpatizantes, empenhados em promover negócios e dar consultorias para empresas que querem dar mais atenção a esse consumidor. O Bureau, segundo ele, tem sido requisitado por várias companhias - a maioria multinacionais - para dar treinamento a executivos e funcionários sobre como lidar com os gays. "Para o público GLS, não é só a qualidade do produto que interessa, mas também a postura da empresa", diz Reinaudo.

"A Capa" de 27/11/2008 disse:
O Governo do Estado de São Paulo lançou no último dia 17 de novembro o 'Selo Paulista da Diversidade'. A medida tem como objetivo promover a inclusão e a igualdade de oportunidades e tratamento aos membros de grupos discriminados pela sociedade.
Criado pela Secretaria de Relações Institucionais do Estado de São Paulo e da Fundação do Desenvolvimento Administrativo, o ‘Selo Paulista da Diversidade’ será usado por todas as empresas que comprovarem ser 'gay-friendly' de acordo com os critérios pré-estabelecidos pelo Governo do Estado e seu Comitê Gestor, que terá a participação de cidadãos comuns.


Em 20/02/2009 saiu uma matéria no "Folha Online" sobre o selo gay friendly, criado no Recife:
"Depois de "descobertos" pelo mercado turístico como um público de alto poder aquisitivo e que gosta de gastar dinheiro quando viaja, os gays viraram definitivamente os queridinhos de muitas cidades turísticas"
"O diferencial do selo recifense é que ele é fornecido pelo RC&VB somente após o estabelecimento ter submetido seus funcionários a um treinamento.Os workshops ministrados pela instituição orientam os funcionários que lidam com o público a não causarem nenhum tipo de constrangimento ao visitante gay. Em hotéis, por exemplo, os empregados são treinados para não se surpreenderem quando dois homens pedem uma cama de casal no quarto"

Na coletiva de abertura das atividades do Orgulho Gay de São Paulo desse ano, o presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT, Xande Santos, disse:

"nosso lugar na sociedade é de consumidores" e para ele isso "é uma ilusão", o que significa que a sociedade quer apenas o dinheiro da comunidade gay. "Os pais ainda discriminam os filhos por serem gays", destacou Xande, para quem ainda somos um dos "últimos tabus".
"ainda somos ignorados pelo Congresso Nacional"

É bem verdade que o interesse das empresas pelo LGBT é econômico - coloco um graças a Deus aqui - o poder econômico crescente está forçando as empresas a fazer palestras sobre como tratar os homoafetivos, "obrigando" preconceituosos a engolir seco seu orgulho e aceitar nosso dinheiro e a nos prestar serviço.
Com isso, as empresas perceberam que precisam proteger seu mercado, forçando o Estado a criar leis de proteção e apoio aos LGBT's consumidores. Girando a enorme roda social caminho da "normalização" da coisa - homoafetivos se tornando benvindos.
O dinheiro é a alacanva que leva as mudanças sociais, os negros conseguiram a "igualdade" quando as empresas descobriram seu crescente poder de consumo, assim como as mulheres e recentemente os idosos. A discriminação é reduzida quando podemos "pagar" por isso, e de acordo com as pesquisas, nos podemos - novamente meu graças a Deus.

Particularmente, tenho uma visão muito otimista sobre as mudanças que virão a favor dos homoafetivos, acredito que 10% da população brasileira ser homossexual, como disse o IBGE está ainda muito longe de um total verdadeiro, que se mostrará muito maior e mais "poderoso" politicamente e financeiramente falando. O que falta é a quebra do estereótipo "negativo" que ainda parece dominar o imaginário popular graças aos meios de comunicação, as igrejas e os grupos extremistas.

A última resistência sem dúvida é a igreja e seu principio de moralidade duvidosa que diz defender os interesses da família homem-mulher - será? - mas até quando ela irá se manter firme em sua postura se negando a receber o lucrativo e desejado "dinheiro rosa"? Bem, acho que é mais um processo em andamento em busca da "normalização", Pois já estamos ouvindo falar em religiões simpatizantes e até mesmo igrejas evangélicas LGBT, mas isso é assunto para outro dia.

Fontes:
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/457/negocios/poderoso_mercado_gay.htm
http://www.acapa.com.br/site/noticia.asp?codigo=8303
http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u507218.shtml
http://www.acapa.com.br/site/noticia.asp?codigo=6442


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