sábado, 5 de junho de 2010

The Closet

"The Closet" é um curta metragem escrito por Richard Bloon e dirigido por Stwart Hendler, nos EUA em Julho de 2008.

Seria certo uma pessoa abrir mão de seus sentimentos e da sua felicidade porque outros não as aceitam ou compreende?
O filme me lembra minha própria história de vida, por muito tempo vivi um conflito com minha sexualidade, deixei de viver para ser apenas uma concha vazia, pensando que isso seria melhor para mim e minha família.
A depressão me consumiu. A falta de sentido na vida me tornou uma pessoa triste, isolada, incapaz de amar e constantemente irritada com tudo. Odiei a Deus por me tornar homossexual e pensava em dar fim a minha vida constantemente.
Tudo isso porque tentei viver em mentira, tentei ser heterossexual, arranjei uma namorada e reservei minha sexualidade para curtos momentos a noite, sozinho me masturbando vendo fotos de homens. Contando assim parece idiota, dei meu primeiro beijo em um cara aos 26 anos, e tive a adolescência mais sombria e triste que posso imaginar.
Afinal do que valem os conceitos? Os preconceitos? A opinião dos outros sobre nossa sexualidade? A noção de certo e errado de quem nos julga? Se tudo isso irá mudar com tempo?
Sei que com o caminhar de nossas vidas mudamos nossas idéias, nossos conceitos e abrimos, a cada passo, os horizontes de nosso conhecimento e compreensão sobre "sermos humanos". Entre o tempo e a felicidade eu escolhi a felicidade, porque por mais que eu vivi confortavelmente minha adolescência, faltou o mais importante nela, eu mesmo. Não me reconheço nas fotos antigas, não tenho boas recordações dessa época.
Até que finalmente despertei desse pesadelo, acordei de um coma profundo, me voltei para dentro e comecei a ouvir não o que os outros diziam e pensavam, mas o que eu mesmo dizia para mim, me conheci aos poucos e passei a experimentar tudo que desejei no mundo, de forma honesta, livre de medo ou culpa.
Hoje digo que estou em paz comigo mesmo, com Deus, com meus amigos e toda a sociedade. Não porque sou aceito e compreendido por todos, mas porque estou fazendo o que é certo dentro de mim.
Vivo minha própria vida com amor, não só amor por outro homem, mas amor aos meus pais, amigos e a todos e tudo que gosto, admiro e respeito. Minha vida perdida, hoje tem um sentido, um futuro e um propósito escolhido por mim mesmo e não ditado pela hipocrisia alheia.
O tempo passa, o sentimento não. O único conselho que posso dar a todos é sejam sinceros com vocês mesmos para que seu tempo de vida seja o melhor que puder ser. Você merece a felicidade, por mais que os outros pensem ou digam que não.

sábado, 29 de maio de 2010

Piada Inesperada

Eu estava checando meus emails e me deparei com esse aqui, de um amigo de infância muito gozador:

Depois de promulgado o Projeto de Lei 122, que permite a adoção de crianças por casais homossexuais...

Dois gays se casam e adotam um filho. Na primeira vez que o menino toma

banho com o pai, exclama:

- Puxa pai, que pinto grandão!

O pai responde:

- Espera pra ver o da sua mãe !!!!!!!

Confesso que achei engraçado.
Mas engraçado mesmo é o imaginário das pessoas de como seria um casal gay. A tendência a achar que um dos parceiros deve assumir o papel do sexo oposto é intrigante. Muitas vezes compartilhada pelos próprios homossexuais.
Para ser bem sincero, eu nunca vi um casal gay de longa data com essa divisão macho-fêmea.
O que existe de fato são "alguns" homens afeminados e mulheres masculinizadas, que por serem de fácil identificação nas ruas, acabam sendo identificados como o padrão gay. Outro "costume" que pode levar a essa idéia de um assumir o papel oposto é o de alguns homossexuais se tratarem no feminino, até hoje não entendo o motivo disso (acho até desrespeitoso e vulgar quando se referem a mim dessa forma).
Voltando a piada, existem homossexuais que podem considerá-la preconceituosa. De fato não me senti ofendido por ela, e não acho que ela insinue nada além de um desconhecimento aos novos casais e formações familiares pós a aprovação do casamento e adoção gay.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Primeira Marcha Nacional contra a Homofobia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá assinar ainda neste mês um decreto criando o Dia Nacional de Combate à Homofobia, a ser instituído no dia 17 de maio. O Dia de Combate à Homofobia foi proposto pelo porta-voz do Conselho Representativo das Associações Negras (Cran) da França, Louis-Georges Tin, em 2005. A data foi escolhida porque no dia 17 de maio de 1990 a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais.
Ontem em Brasília, para comemorar a data, foi realizada a Primeira Marcha Nacional contra a Homofobia, segue o vídeo:


Sobre os direito aos homossexuais, coloco a fala do próprio presidente Lula em uma entrevista ao programa "3 a 1", ainda em 2009.


Durante a Marcha contra a Homofobia, a equipe do Pânico na Tv foi impedida de fazer suas gravações pelos próprios manifestantes, segundo eles, aquilo não era uma parada gay e sim um movimento político GLBT, e por isso deveria ser levado a sério. Porque a Redetv não enviou uma equipe de jornalismo também? Eles questinavam.

Eu assisto o programa Pânico regularmente e até simpatizo com os "gay-clowns" do programa, mas não posso deixar de concordar que o argumento dos manifestantes é muito forte. Porque apenas o programa humorístico da Redetv foi enviado para o local? Direitos homossexuais pro acaso são vistos pela emissora como motivo de gozação e chacota? Sem relevância jornalística? E onde estavam as outras emissoras de televisão?
Quero aproveitar até para criticar aqui as matérias jornalísticas que começaram seus textos com "muito brilho e produções caprichadas" e escolheram apenas as imagens de manifestantes "drags e travestis". Como se todos os homossexuais usassem brilho e se montassem para sair de casa.

A organização da marcha está de parabéns pela seriedade com ela foi feita, sem carnaval. Acho também que esse tipo de manifestação é para ser encarada pelos LGBT's de "cara limpa". Uma forma de mostrar que não somos alegorias carnavalescas, não estamos ali para desfilar ou divertir o público, mas sim colocar em foco o que reivindicamos, nossos direitos! Não é momento para frescuras, um assunto sério requer uma postura de seriedade. Vamos deixar as roupas provocantes, vestidos brilhosos, danças sensuais e comportamentos descontraídos nas, já tradicionais, paradas gays.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Antes a justiça de Deus que a dos evangélicos

Definitivamente não entendo a "nação evangélica" e sua "cruzada" contra o que consideram pecado.
Entendo que um evangélico, como "bom servo do senhor" nunca deve ter nenhum laço de amizade com um "herege" como eu. Assim como eu nunca tive o desejo de frequentar rodas evangélicas e cantar cantigas góspels ou participar de qualquer celebração promovida por eles.
Até ai nada de errado, acredito que eles tem o direto de pregar contra o homossexualismo dentro de suas igrejas, proibir a entrada de homossexuais em seus cultos e expulsar aqueles que se desviam do caminho proposto pela doutrina evangélica. Obrigar os evangélicos a aceitar algo que consideram pecado, no mínimo, vai contra o livre arbítrio dado a todos nós.
Aos gays evangélicos que frequentam os cultos disfarçados de ovelhas só posso dizer, lamento por suas almas pertubardas e que sem a menor dúvida, seu lugar não é ali.
Não sou contra os evangélicos, mas não consigo enxergá-los como o "candeeiro de luz da humanidade", porque eles não trazem a iluminação das palavras de Deus pelo testemunho ou por atitudes louváveis como Cristo fez, mas com jogadas políticas, mecanismos de repressão social e terrorismo-psicológico ( me refiro ao uso do inferno, pecado e diabo como forma de coibição).

De fato, se formos analisar a postura de Cristo e a postura dos evangélicos perceberemos rapidamente que são propostas extremamente diferentes. O reino de Cristo não pertence a esse mundo, logo não é aqui que ele iria reger leis e "obrigar" as pessoas a manterem certa conduta.

Igreja governando e regendo leis sempre é algo preocupante e pavoroso. Vovó já viveu algo parecido no passado, quando a igreja católica tomou o poder político e fez de suas leis as leis de Deus, "a caça as bruxas", o que resultou na morte de milhares de pessoas e o maior massacre religioso até agora. Outro exemplo são aqueles países extremistas onde prostitutas ainda são apedrejadas na rua ou onde jovens se tornam terroristas.
Agora porque os evangélicos precisam de leis para dar suporte a suas "crenças"? Será que eles estariam perdendo o controle de seu rebanho? Ou será que citar Coríntios 6:9 e Romanos 1:20 a 27 já não servem mais para os manter a frente de seu povo?
Eu não quero reformar a Bíblia ou processar as editoras, não quero que evangélicos sejam proibidos de falar mal dos gays, não quero ter o direto de entrar nas igrejas evangélicas, não quero ser entendido ou aceito por eles, não quero receber suas palavras de conforto e muito menos que eles ditem minha vida ao moldes deles. Me obrigando através das leis a ter uma postura próxima da deles.

De fato isso e algo a se observar nos evangélicos, eles temem mais a justiça dentro da sua igreja que a justiça de Deus. Por exemplo, tem bastante evangélico por aí fazendo "pecado", mas o que pesa na consciência deles ao fazer não é o fato de Deus estar vendo, mas sim algum membro da igreja descobrir.

O que quero é ter o direito de colocar meu parceiro no meu testamento, como dependente em planos de saúde, como pai no registro de adoção do meu filho e qualquer outro direito que um cidadão tem perante o estado. Não quero nada disso para ficar me exibindo por aí, ou como uma afronta a "santa igreja evangélica" e suas crenças, mas quero esses direitos para assegurar uma vida melhor para mim e para as pessoas que estão ao meu redor.

Casamento gay não é entrar na igreja vestido de noiva ao lado de outro homem, adoção gay não é brincar de papai e papai, ou uma afronta a "família cristã". Ao contrário dos evangélicos eu não preciso aparecer na mídia, angariar poder e riquezas sobre outras pessoas e ditar o que elas devem ou não ser ou fazer.
Proponho o livre arbítrio, a capacidade de reflexão e principalmente a pratica da gratidão e compaixão. Mas a vida é individual, cada um deve escolher seu caminho e viver de acordo com aquilo que acredita.
Sobre a justiça de Deus, ela virá para todos.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sim sou gay!

"Sim sou gay, mas tem algumas coisas que vocês precisam saber sobre nós" - um vídeo simples que mostra que, apensar de sermos gays, isso não significa que somos iguais. Vale a pena ver.



A palavra aqui é individualidade. Meus gostos e comportamentos foram construídos por minhas experiências de vida e não pela minha sexualidade. Acho que além dos heteros, muitos gays ainda não se deram conta disso.

Aproveitando a bincadeira:

- Sim sou gay!
- Não ligo para a moda.
- Gosto de rock and roll dos anos 80-90.
- Gosto de caminhar.
- Adoro filmes de Zumbis.
- Gosto de cozinhar.
- Não tenho mania de limpeza.
- Não gosto de muscais.
- Não fumo nem bebo.
- Tenho amigos heteros.
- Quero ter um filho.
- Gosto de jogar Rpg.
- Adoro fotografia.
- Não gosto de ser tratado no feminino.

Mas isso tudo não porque sou gay, nossos atos, gostos e desgostos não deveriam ser explicados pela nossa sexualidade. Sim sou gay, mas o mais importante é que sou Rafael.

Comprei 100 % a idéia do vídeo.

Profissão Reporter - Como as famílias brasileiras lidam com a homossexualidade?

Para quem não viu ontem, o programa exibido pela rede globo abordou os temas: Pais que estão aprendendo a lidar com filhos homossexuais, a rotina da professora que mudou de sexo e a dificuldade de um casal gay para registrar gêmeos. A matéria já pode ser encontrada no Youtube.

O programa deu voz as mães que descobrem que seus filhos são homossexuais, coisa nunca feita antes em um programa brasileiro. É difícil nos colocarmos no lugar de nossos pais e saber que tipo de sentimentos e conflitos eles terão com a nossa sexualidade.
Do programa tirei algumas frases ditas pela mãe Edith Modesto:
"-Não é que ele é o (filho) mais querido, eu me preocupo mais com ele, porque os outros filhos tem suas esposas para cuidar deles" , "- Um dos sentimentos muito forte é a vergonha, as mães tem vergonha de ter filhos gays e lésbicas, e a vergonha é o sentimento que mais demora para acabar" , "- Quando o filho sai do armário a mãe é que entra".
Particularmente acho uma iniciativa inteligente em busca da identificação dos pais ao tema e principalmente para mostrar que existe vida (para os pais) depois de seus filhos saírem do armário. Mesmo que isso leve um tempo, como o caso de Edith que diz ter demorado 5 anos para entender o filho gay.
Acho que a mensagem final que o programa passa é uma reflexão aos pais:
O que é mais forte o amor por um filho ou a vergonha pelos vizinhos?
Será que é realmente válido causar tanto sofrimento para si e para seu filho simplesmente por ele não atender a suas expectativas?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ser gay é mais difícil?

Andei pensando muito nesse tema nos últimos dias, não por estar passando algum tipo de dificuldade com a minha sexualidade, mas por causa de uma conversa que certa vez tive com um amigo hetero.
Para ilustrar a pergunta, recorri a um post antigo do blog cariocananoitegls.blogspot.com, onde ele dá seu depoimento:

"(...)É foda não fazer certas coisas que os heteros fazem na maior naturalidade. Pelo menos para mim, é difícil encontrar alguém pra beijar que não seja na boate gay. Nós não podemos dar demonstrações públicas de carinho, mesmo tendo toda a vontade do mundo de fazer isso. Temos que esconder pras pessoas que estamos namorando uma pessoa do mesmo sexo que o nosso. Não podemos falar abertamente no telefone com nosso namorado com pessoas do lado. Enfim, passamos por inúmeras dificuldades por sermos gays. Tem uma coisa que o insuportável do Clodovil fala e que eu acho bem válido. Ele diz: "Quando eu morrer e for me encontrar com Deus, vou perguntar porque ele me fez assim". E é justamente essa a minha dúvida. Por que me fizeram gay? Para sofrer preconceito? Para ter que me esconder sempre? Para ter que viver um problema de família? (...)"

Voltando ao título, se a pergunta me fosse feita por volta de meus 20 anos eu responderia que sim! É muito difícil ser gay! e concordaria com tudo que está escrito acima. Foram anos conturbados na minha vida, não era assumido, tinha medo da reação das pessoas, achava uma maldição ser homossexual, não sabia reconhecer outros gays, achava que todos eram afeminados (coisa que eu não sinto atração) e nunca havia namorado.

Volto agora ao diálogo que tive com meu amigo. Estávamos conversando sobre os alunos de uma faculdade onde trabalhávamos quando, para minha surpresa, meu amigo disse: "- Os gays acham que só a vida deles é difícil, como se fosse fácil ser um heterossexual, como se não tivéssemos problemas com nossas famílias, com nossos relacionamentos e conflitos internos".
De imediato discordei completamente, no meu íntimo, achando absurdas suas palavras, mas com o tempo comecei a tentar "ver o seu lado".

Será que é tão diferente a vida de um heterossexual e um homossexual?
Muitos gays, preferem viver a "síndrome do batmam", de ter uma vida dupla e se esconder nas sombras da noite por conflitos internos.
Eu mesmo já passei por essa faze negra, que só me trouxe isolamento, dúvidas e depressão. Felizmente hoje vivo à luz do dia, sem mascaras ou disfarces e isso não me torna alvo de preconceito e muito menos vítima de abandono familiar/religioso/social.
Vivo no mesmo bairro desde a infância e cultivo as mesmas amizades, não sinto mudanças significativas no tratamento que recebo de meus vizinhos e conhecidos. Isso porque não mudei meu comportamento com eles também. Cabe dizer aqui que algumas (poucas) pessoas se afastaram de mim após saber, mas compreendo que elas fizeram isso por seus próprios conflitos internos.
No trabalho também não me sinto discriminado de forma alguma. Só para esclarecer, não sou do tipo que vive por ae dizendo "sou gay", mas simplesmente não me esforço em esconder isso. De fato, se alguém me perguntar se sou gay eu me sinto ofendido pela pergunta, por ser muito invasiva, mas sempre que saio levo meu namorado comigo e todos percebem claramente isso.
Sobre beijar e sair de mãos dadas na rua, eu particularmente não vejo necessidade. Quando tenho vontade dou um forte abraço no meu namorado e isso me basta. Muitos amigos heteros meus também se comportam assim, discretos com suas parceiras. De fato acho um pouco inconveniente os casais ficarem se agarrando e beijando na minha presença, sejam heteros ou não.
Agora sobre a frase de Clodovil, Deus deve ter respondido algo assim:

"- Filho, eu lhe dei a vida desta forma, alegra-te e seja feliz. Se a vida que lhe dei te incomoda, é porque vives a leis dos homems e não as de quem lhe criou com amor, pois em ti é mais forte o preconceito do que os que apontam-lhes os dedos e os criticam, por isso es tu quem precisa entender porque não se aceitas."

//Só quero deixar claro que não falo em nome de Deus e nem me considero um representante Dele na terra. Mas se um gay me fizesse essa pergunta eu diria isso.//

Sei que os gays sofrem preconceitos e discriminação, alguns sofrem violência física ou mental, mas gostaria de mostrar que não se trata de uma perseguição exclusiva aos gays. Muitas outras pessoas, por diferentes motivos também são vítimas de uma sociedade hipocrita, racista, genofóbica, religiosamente intolerante e mercadológica.
Agora, respondendo a pergunta inicial:
"- Ser gay é tão difícil quanto ser qualquer outro, é uma questão de auto-aprimoramento e busca por seus direitos".

Acho que o caminho certo é paramos de nos ver como amaldiçoados e entender/aceitar com naturalidade o que somos, sem rancor ou amargura, esse é o primeiro passo para que os outros também possam entendam.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Fuck you - Lilly Allen by Gayclic

O divertido clipe de Lilly Allen "Fuck You" feito pelo blog gayclic em 2009.

O clipe foi uma proposta do blog para seus seguidores, de usarem suas webcams e câmeras domésticas ao som de "fuck you". A idéia já tem sua versão brasileira no youtube.
Nem tanto uma mensagem contra a homofobia, mas um divertido desabafo para alguns. Afinal, quem nunca mandou um "fuck you" na vida?

domingo, 2 de maio de 2010

Cinema, Televisão e Público Gay

O primeiro registro do tema gay no cinema americano foi o "Night after night" - 1932. Onde uma mulher puritana e infeliz, após uma noite de bebedeiras, e acordar ao lado de outra mulher, descobre um mundo novo, alegre e cheio de aventuras. As igrejas americanas conseguiram impor o Código Hayes, impedindo que a simpatia do público, nos cinemas, fosse dirigida para o lado do crime, do erro, do mal e do pecado, aí incluindo a homossexualidade. As instituições do casamento e do lar sendo sagradas, não se aceitavam relações casuais ou promíscuas como fatos correntes. Sexo ilícito ou adultério não se justificavam. Danças, alusões, gestos, brincadeiras e palavras obscenas estavam banidas, assim como a nudez de fato ou em silhueta. Temendo a censura e o fracasso, roteiristas, produtores, diretores e atores homossexuais adotaram a heterossexualidade como seu padrão estético e moral, o homossexual passou a ser abordado como algo doentio. Diante do mal-estar causado pela homossexualidade, não é de espantar que, entre 1961 e 1976, em 32 filmes que abordaram o tema, 13 personagens homossexuais matavam-se, 18 eram mortos por seus amantes e um era castrado.
No gueto homossexual, a Aids paradoxalmente facilitou a explosão das sexualidades reprimidas, fazendo florescer um vigoroso cinema gay e lésbico: vivemos o boom da produção com temática homossexual, de formato e qualidade muito variada (de melodramas pornográficos a exercícios de sadomasoquismo, de comédias baratas a dramas de qualidade), que encontra vazão num mercado formado por quase cem festivais de cinema gay em todo o mundo.
As "paradas do orgulho gays" deflagraram um novo público consumidor, crescente e até então sem atendimento na sociedade de consumo, o mercado homossexual passa a ser estudado e respeitado pelo poder do "pink money". As televisões por assinatura, já apresentam uma nova visão dos homossexuais em suas séries, conquistando e compreendendo cada vez mais seu público consumidor.
Já aqui no Brasil, percebemos um esforço crescente das televisões abertas em abocanhar esse filão de mercado.
O dilema de nossas emissoras é atender esse novo público sem perder a audiência de outro público crescente, os evangélicos.
Até agora os gays são introjetados na programação em doses homeopática, os "gays-clowns" já aparecem nos programas de humor nacionais a muitos anos e já estão totalmente aceitos pelo grande público, nas novelas já é diferente, o gay ainda segue o Código Hayes americano.
Na dramaturgia nacional observamos três tipos claros de estereótipos, o "gay-clown", o "travesti assexuado" (apresentado pela primeira vez nas chanchadas da Atlântida dos 40 e 50) e o gay-trágico (que morre pouco depois de achar o amor de sua vida).
Nossas emissoras parecem disputar o novo "filão" de forma discreta, usando da tentativa e erro, mas sempre recorrendo aos três "tipos" já sabidamente aceitos.
A parte disso, a MTV sai na frente com uma proposta diferente, utilizando clipes e "divas" gays para atender seu público (esmagador). Discretamente a emissora já conseguiu alguns sucessos como os especiais "beija-sapo gay" e "a fila anda gay". Alem de introduzir o "repórter Didi" como um novo perfil de gay, usando barba e um estilo "natural" de se comportar. Aparentemente a MTV teve sucesso em atender ao público jovem-gay sem se comprometer.
Tentando puxar um pouco da atenção gay, o Domingo Legal apresenta semanalmente clipes e concursos com as duas maiores divas gays da atualidade, Beyonce e Lady Gaga.
O medo do boicote de telespectadores "homofóbicos" engessam novas tentativas de buscar outros modelos e representações de temas e interesses gays.
O BBB10 é uma demonstração clara disso, vamos colocar um homofóbico e dois gays na casa e veremos qual terá aceitação do público. Não apenas aceitação, o homofóbico venceu o programa com sua ideologia neo-nazista, comprovando o quanto o povo brasileiro esta engessado na discriminação. Ao mesmo tempo a experiência mostra as ávidas tentativas das emissoras de "quebrar tabus" e agregar o público gay a massa de espectadores.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Julgamento Histórico do STJ


Em julgamento considerado histórico pelos próprios ministros, a 4ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) concedeu, por unanimidade, para duas mulheres de Bagé (RS), o direito de adoção de dois meninos.
Uma das mulheres já havia adotado as duas crianças ainda bebês.
Sua companheira, com quem vive desde 1998 e que ajuda no sustento e educação dos menores, queria adotá-los, alegando ter melhor condição social e financeira. Ela afirma que a medida daria mais garantias e benefícios às crianças, como plano de saúde e pensão em caso de separação ou falecimento.
O Ministério Público do Estado, porém, recorreu ao STJ, alegando que a união homossexual é apenas sociedade de fato, e a adoção de crianças, nesse caso, violaria uma séria de dispositivos legais.
O tribunal negou o pedido, ao entender que em casos do tipo é a vontade da criança que deve ser respeitada. O relator, ministro Luís Felipe Salomão, entendeu que os laços afetivos entre as crianças e as mulheres são incontroversos e que a maior preocupação delas é assegurar a melhor criação dos menores.
De acordo com a assessoria do tribunal, o julgamento, considerado histórico pelos próprios ministros, deve embasar decisões de outros juízes pelo país. Apesar de não ser um decisão vinculante, que precisa ser acatada, agora as decisões desfavoráveis serão contestados no STJ.
Além disso, o julgamento deve fazer com que os casais homossexuais abandonem a prática de adotar individualmente uma criança para evitar problemas legais. A criança poderá receber o nome dos dois responsáveis.
"Precisamos afirmar que essa decisão é uma orientação para que, em casos do tipo, deve-se atender sempre o interesse do menor, que o de ser adotado", completou o ministro João Otávio de Noronha.

Enquanto isso em Brasília: O deputado federal paraense (e evangélico) Zequinha Marinho, do Partido Social Cristão (PSC), apresentou o Projeto de Lei 7018/10, que prevê a modificação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), proibindo a adoção de crianças por casais do mesmo sexo.

Segundo o cristão, que é contabilista e pedagogo, a adoção de crianças por pais gays ou mães lésbicas causará constrangimento aos adotados. "O filho terá grandes dificuldades em explicar aos seus amigos e colegas de escola por que tem dois pais ou duas mães", argumenta Marinho.

Constrangimento sinto eu por ter um deputado federal como Zequinha Marinho (homofóbico) que prefere deixar crianças serem criadas em orfanatos a lares estabilizados. Será que ele teve pai e mãe? Será que os mais de 3,7 milhões de crianças se importam mesmo com esse constrangimento?

domingo, 25 de abril de 2010

Essa é só para as garotas!


Para quem ainda não conhece, Dykerama.com é um portal da internet exclusivo para o público lesbico e bissexual feminino brasileiro criado no final de 2007. Segundo seus criadores, antes de idealizar o portal, eles percorreram dezenas de eventos voltados ao público lesbico para entender o formato e o conteúdo ideais do site. Por meio de uma pesquisa, que entrevistou um total de 450 pessoas, os jornalistas puderam perceber que a principal reclamação desse público era a de que faltava um veículo dirigido exclusivamente às mulheres gays e bissexuais.
O site possui um vasto conteúdo com entrevistas, tirinhas, blogs, sexo e saúde, entretenimento, turismo, notícias, entre outras coisas.
Eu tenho uma sensação que na maioria das vezes as garotas são deixadas de lado na mídia, quando se fala de "gay". Existe também uma associação de "lesbica" a mau-carater, que nunca entendi muito bem. De fato não tenho uma grande convivência com esse universo, mas acho bem legal existir espaços exclusivos para elas.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Botineras - Novela Argentina

Botineras foi uma novela apresentada na Argentina em 2009/2010 pela Telefe.
Inicialmente no horário das 23 horas, migrando mais tarde para o horário das 22:30 horas. Sendo a maior audiência no canal.
Escrita por Esther Feldman e Alejandro Maci a trama é inspirada nas "Marias chuteiras" e o drama de um jogador que volta ao seu país no momento em que seu maior rival é assassinado, tornando-o o maior suspeito do crime.
No ultimo capítulo, exibido dia 10 de Abril desse ano, o casal Rivero (Cristian Sancho) e Lalo (Ezequiel Castaño) surpreendem os telespectadores com uma cena belíssima de amor entre dois jogadores de futebol.

AVISO: APENAS PARA MAIORES DE 18 ANOS.


Aqui no Brasil, Aguinaldo Silva comentou em seu blog a cena. Na verdade o comentário foi de um "amigo bicha" (segundo ele), bem, podemos entender que qualquer comentário de natureza gay da parte do escritor poderia "pegar mau" já que estamos no país tropical mais morno do mundo.
A comparação entre o Brasil e a Argentina virou assunto e comentários no Youtube, a página da cena já foi vista mais de 58 mil vezes. Segue dois comentários que resumem a discussão:

aerobr Realmente os Argentinos estão "anos luz" a frente dos Brasileiros! Por aqui até a insinuação de algo já é condenado ou no mínimo gera um burburinho sem noção! Lá alem do beijo ainda se vai até o limite da Tv aberta. Muito bem, ponto da Argentina, a Globo devia aprender.
yucamandioca me parece que aca en la argentina somos mas abiertos a este tema. Lo que es muy bueno, por lo menos es mi opinim es algo que veo, siempre estamos inundados en los medios argentinos con celebridades que son homosexuales, y la mayoria estamos bien con el asunto, si yo tuviera un hijo gay , lo unico que me impoortaria es que encontrara la felicidad y fuera el o ella misma.


O ponto forte pra mim foi deixado de lado em todas as discussões que vi até agora, o fato dos personagens serem jogadores de futebol, paixão nacional aqui e lá. Apresentarem uma postura masculina (entenda como quiser),pela beleza plástica da cena e principalmente pela "normalização" da sequência de planos e enquadramentos, vistos infinitas vezes antes em filmes (é claro que entre homens e mulheres).
Diferente do vulgar "O Segredo de Brokeback Mountain" que conta a história de dois "animais" que se comem de tempos em tempos, a cena entre Rivero e Lalo apresenta dois homens se amando, livres de amarras sociais, preconceitos chulos, estereótipos bizarros ou grotescos. Seguindo a máxima: a beleza está na simplicidade.
Não duvido que Aguinaldo Silva coloque dois gays em "Marido de Aluguel" e tente novamente promover o beijo gay, ainda mais agora que a globo mostrou seu lado "rosa no BBB10" (coisa que nem quero comentar na minha vida).
A pergunta é, como seriam esses gays? Que referências e símbolos eles irão carregar? Se for mais um Serginho ou Dicesar da vida, aviso logo, minha tv vai continuar desligada.