segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Curtas Brasileiros com Temática LGBT

O Ministério da Educação tem um projeto chamado "Diversidade Sexual nas Escolas", vinculado ao projeto "Papo Cabeça" que tem o objetivo de financiar trabalhos áudio-visuais de sensibilização e formação sobre temas polémicos nas unidades de educação básica. Por meio desse financiamento a Universidade Federal do Rio de Janeiro em parceria com o grupo Arco-Íris lançam dois curtas que tratam da homofobia nas escolas. Os curtas foram produzidos em oficinas com adolecentes homossexuais que fizeram o roteiro, a produção e a edição. Os curtas "Novamente" e "Por Outros Olhos" ainda não foram lançados, mas existe a proposta deles estarem disponíveis para download futuramente.

Já que o assunto é curtas brasileiros, segue algumas produções bem interessantes:

Brilho da Estrela (2008) - De Marcela Bertoletti. Garota descobre que está apaixonada pela sua melhor amiga, seus sentimentos crescem cercados por medos e inseguranças.
Segue o trailer:


Café com Leite (2007)- Dirigido por Daniel Ribeiro, o filme conta a história de Daniel, um rapaz que decide ir morar com seu namorado, mas com a morte de seus pais em um acidente se vê obrigado a cuidar de seu irmão Lucas, agora os três precisam aprender a viver juntos e a criar uma nova família.O filme participou de mais de 70 festivais recebendo mais de 20 prémios.
O curta estava disponível no youtube, mas foi retirado.
Replay (2006) - Drama lançado pelo Ateliê da Imagem, fala sobre a homossexualidade masculina focando uma juventude limitada e suas relações instantâneas, superficiais e voláteis. Relacionamentos descartáveis onde as abordagens e os diálogos são sempre uma repetição, criticando o vazio das relações atuais. Tudo se torna um eterno "replay".
Assista ao curta:

domingo, 30 de agosto de 2009

O Fantástico Mundo de José Linhares

Na quarta-feira dia 26/08 foi votado o projeto de lei que regulamenta a reunão instável -casamento - pela Comissão de Seguridade Social e Família. O texto que incluia a união de pessoas de mesmo sexo foi barrada pelo deputado e padre José Linhares do PP-CE. Segundo ele:

"Quem tem direitos adquiridos não irá perdê-los. Um homem que vive com seu companheiro, por exemplo, poderá continuar e será respeitado. Mas eles ficam lá, não teriam legitimidade jurídica”, disse o deputado, que não considera natural as famílias gays. “Essas relações não constituem a célula natural de uma família. O ser humano depende da presença afetiva de uma mulher e um homem. O pai e a mãe são figuras basilares da nossa existência. Não existe um pai mulher ou uma mãe homem”

Acho que nosso querido "Depuadre" não entendeu que a legitimação jurídica é justamente o que os casais LGBT precisam e não um casamento em uma igreja de dois homens de vél e grinalda ou duas mulheres de terno.
Ser respeitado está muito longe do amparo legal de um casamento, onde os direitos de um casal - seja de gays ou héteros - sejam assegurados por lei. Acho que o Exelentíssimo não percebeu que dentro da sua congregação ele tem todo o direito como padre de impedir o casamento - digo cerimonia religiosa - de duas pessoas, mas agora, decidir isso para uma nação inteira deve ir um pouco além de suas capacidades intelectuais.
Gosto muito do minimalismo da expressão "mas eles ficam lá", onde será que ele se referiu com eles ficam lá? seria lá no armário? lá no inferno? lá no hospício? lá longe da igreja dele? ou lá na marginalidade? Como se os homoafetivos tivessem um lugar onde devessem ficar ao invés de andaram soltos por ae.
Não considerar natural a família gay é outro ponto onde vossa "depusantidade" mostra o quanto pode chegar a ignorância política. O que ele diria sobre isso:

"O comportamento homossexual (não homossexualidade), é observado em algumas espécies animais. Em espécies cujos casais são estáveis, a prática homossexual muitas vezes persiste durante toda a vida. Noutras, esse comportamento pode ser abandonado frente à possibilidade efetiva de reprodução da espécie, levando-os à prática heterossexual. Estão documentados comportamentos homossexuais e bissexuais em centenas de espécies animais, quer em cativeiro, quer na natureza. Neste momento, não existem estudos científicos conclusivos sobre a causa ou a origem das diferentes práticas sexuais nos animais".

Mas sem dúvida a parte que mais me indaga foi "o ser humano depende da presença afetiva de uma mulher e um homem" e "não existe um pai mulher e uma mãe homem", não vejo nenhum sentido nessas frases. Será que ele ainda não ouviu falar em mães solteiras? ou em pais solteiros? ou em órfãos?ou em crianças criadas pelos avós? ...estou começando a entender o pensamento do padre, ele está pensando que todas as famílias são "perfeitas" e apenas um casal do mesmo sexo com uma criança fugiria disso. Acho que o padre não tem andando muito por ai, e pelo visto ninguém avisou ainda sobre adoção de crianças por uma pessoa só e não um casal. Ou o mais grave de tudo, que existem pelo menos 30 milhões de crianças entre 6 e 15 anos abandonadas na América Latina e 2 milhões delas morrem todos os dias vítimas da desnutrição e da violência - assassinato - segundo os dados da UNICEF, que afirma : "os políticos adoram tirar fotos com crianças, mas quando se trata de atender suas necessidades, fingem que não escutam".
É meu querido José Linhares, acho que sua comunicação com o todo poderoso anda meio enferrujada, ou então eu e que estou enganado por ter ouvido falar que seu chefe era "o salvador"....
Por fim fica a foto do digníssimo.
Fote: http://www.acapa.com.br/site/noticia.asp?codigo=9100&titulo=%22Fam%EDlia+gay+n%E3o+%E9+natural%22%2C+diz+deputado+Jos%E9+Linhares+ao+barrar+uni%E3o+homossexual
http://pt.shvoong.com/social-sciences/sociology/1905248-crian%C3%A7as-abandonadas/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homossexualidade#Homossexualidade_animal

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Pridebook

Parecido com o Facebook, Hi5, Orkut e Myspace, o canadense Rob criou o Pridebook.com.
A grande diferença é que ela é uma rede social voltada "apenas" ao público LGBT, o que significa que todos que estiverem inscritos nela são homoafetivos. O que encoraja as pessoas a criarem seus perfis verdadeiros - ao invés dos fakes como acontece nas outras redes - com espaço para fotos, vídeos, grupos, músicas, eventos, blogs e anotações.
O site tem duas coisas muito legais, a primeira delas é a "Ultimas atividades" que funciona como no twitter, mostrando o que aconteceu recentemente na rede inteira. A outra é a proibição de pornografia, isso porque Rob - o criador do Pridebook - disse estar cansado do fato de que todos os sites de relacionamentos gays acabam se transformando em sites pornográficos - ainda assim sempre aparece alguém querendo colocar fotos pornográficas, Infelizmente.
O Pridebook já conta com mais de 1250 inscritos de 80 países - inclusive o Brasil.
O site é gratuito e possui um "tradutor" para português.
Quem quiser pode encontrar lá o meu perfil e me adicionar como amigo se desejar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Gayzismo: Legitimação do Preconceito

Em um outro post eu falava das associações negativistas que se faz com a homoafetividade na tentativa de se legitimar o preconceito, como ligar homoafetividade à pedofilia, a promiscuidade ou aids.
Atualmente algumas igrejas vem adotando o termo "Gayzismo" ou "Homofacismo" em mais uma tentativa de associar o homossexualismo a algo negativo, nesse caso o regime nazista. Até mesmo a logo da suástica é utilizada, mas em tons de rosa ao invés do vermelho.
A Wikipedia diz:
"Homofacismo ou gayzismo seria uma suposta discriminação invertida de homossexuais contra heterossexuais. No entanto, a palavra oposta da homofobia é heterofobia e o termos homofascismo e gayzismo são também aplicados para identificar a atitude de pessoas que classificam a homossexualidade como superiores em relação a outras orientações sexuais."

Não existe nenhum estudo que defenda essa teoria, mas ela ganham cada vez mais espaço nas igrejas que tentam um novo foco na desmoralização da discriminação.

Teoricamente o Gayzismo pretende:
  • Criminalizar palavras contrárias ao homossexualismo.
  • Recolhimento e banimento de toda a literatura que o governo considere homofóbica, incluindo a bíblia sagrada e livros evangélicos que tratem desfavoravelmente os homossexais.
  • Censura aos programas de tv, rádio e cultos religiosos que apresentem o homossexual de forma desfavorável.
  • A glorificação do homossexualismo e a criminalização dos cristãos anti-sodomia.
  • Igrejas e escolas cristãs obrigadas a tratar dos assuntos homossexuais da forma como o Estado impõe.
  • Classificação dos homofóbicos como doentes mentais.
Devo dizer que os argumentos usados são muito bem elaborados e dão um ar de "Estado Tirano" governado pelos homossexuais. Uma distorção da busca do movimento LGBT pelo fim da discriminação e direitos iguais.
Mais uma vez, igrejas usam do "Terrorismo" como manobra de massas para criar uma "guerra" a favor dos seus interesses. Mobilizando pobres coitados amedrontados e indignados com a possibilidade de terem sua crença ameaçada pelo governo e por fim perderem seu lugar no céu.
A "genialidade" desse discurso está no fato de inverter todo o processo descriminatório, alegando que na verdade são os homossexuais que discriminam o "estilo de vida heterossexual" - como se isso fosse alguma coisa muito diferente do "estilo de vida homossexual". A igreja - não estou generalizando - assume o papel de perseguida ao invés de perseguidora, de vítima - mais uma vez na história - por manter uma "suposta" moral, os ideais de Deus e a pureza. Como se na verdade os LGBT estivessem em uma jornada contra a igreja e não o contrário.
Acredito que esse movimento ainda vai se tornar mais difundido com o passar do tempo e com os avanços que a lei "sofrer" em detrimento a igualdade social, mas espero que ele não se torne um movimento extremista religiosos como tantos outros que começaram no mundo alavancados no medo e na suposta perseguição social-religiosa.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Visão Social da Homossexualidade no Brasil

Deixa eu começar com uma breve história.
No dia em que contei para meus pais que eu era homoafetivo minha mãe me disse duas coisas. A primeira "Você não vai se vestir de mulher não né?" e a outra "Não vamos contar para mais ninguém sobre isso tá! Existe muito preconceito e ninguém precisa saber".
Bem, só para esclarecer eu sempre tive um comportamento masculino, não porque tenho algo contra "afeminados", mas por ser de minha natureza. Quando contei para meus amigos alguns deles demoraram meses até acreditar. E muito tempo depois de todos do meu bairro saberem uma conhecida minha me disse "eu te admiro muito, porque as pessoas respeitam você, porque desde que você se assumiu você não mudou em nada o seu comportamento e a sua forma de lidar com as pessoas" - fica claro assim que quando você diz ser homoafetivo as pessoas esperam que no dia seguinte você troque seu armário totalmente e se torne uma "quase-mulher"como diria Jorge Lafond.
A liberdade que senti ao contar para todos foi uma liberdade de falar abertamente sobre mim e de meus relacionamentos, poder apresentar meu namorado aos meus amigos e sairmos todos juntos sem precisar ter uma vida dupla, sem nenhuma necessidade de mudar meu comportamento ou meu guarda-roupas.
A grande questão aqui é a visão social do homossexual. Quando você diz ser homossexual as pessoas começam a vasculhar a mente e procurar referências na tv, no cinema e na própria vida delas. Se pararmos para pensar no universo LGBT apresentado pela tv brasileira nos iremos citar: Jorge Lafound, Mama Brusketa, Christian Pior, Ronaldo Ésper, Clodovil, Nany People, Jeca Gay, Senhor Nadir, Dra. Percy entre outros que não me lembro agora.
Não precisa pensar muito para concluir que tipo de refências temos sobre os gays. Esse tipo de estereótipo acaba sendo prejudicial por mostrar apenas uma das várias ramificações comportamentais dos homoafetivos, forçando uma padronização muitas vezes impostas pelos próprios grupos homossexuais. Eu mesmo já ouvi várias vezes homossexuais dizerem pra mim "se solta", "não precisa fingir colega".
Pensando nisso, a GLAAD - Gay & Lesbian Alliance Contra A Difamação - criou o a "GLAAD Media Awards" em 1990 nos EUA, com o propósito de reconhecer e homenagear os meios de comunicação por uma justa e honesta visão dos LGBT, contribuindo em passar uma boa imagem e desmistificar os estereótipos. A GLAAD incentiva que os homoafetivos contem suas histórias nos filmes e séries de tv para mostrar como são de verdade.
Aqui no Brasil ainda estamos muito longe disso. Os gays nas novelas assumem papeis secundários e muitas vezes são rejeitados pelo público como o caso da lésbica que tiveram que matar na novela, o beijo gay que não foi ao ar e mais recentemente o adolecente gay da novela "Caras e Bocas" que teve que arranjar uma namorada para acabar com as desconfianças do público brasileiro.
Como já disse em outro post, já se foi o tempo em que dizer que existirmos era o suficiente, os LGBT's que apareceram na tv brasileira até hoje já cumpriram esse papel, mas chegou a hora de dizer "como" realmente somos e nos comportamos, de forma honesta e livre de estereótipos.

Fonte: http://www.glaad.org/Page.aspx?pid=183

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Filme: O ouvinte da Noite

Gabriel Noone é o apresentador de um programa de rádio das madrugadas que recebe pelo correio a auto-biografia de um de seus fãs, um garoto de 13 anos chamado Pete que relata ter sofrido abusos sexuais de seu pai e contrair Aids. Comovido, o locutor consegue um contato telefónico com o menino e logo eles desenvolvem uma amizade. Mas o ex-namorado de Noone começa a levantar suspeitas sobre o garoto e Noone começa uma viagem em busca da verdade sobre o jovem Pete.
The Night Listener (2006) é um suspense adaptado do livro escrito por Armisted Maupin. Gabriel Noone é interpretado por Robin Williams que disse em entrevista que esse é um dos personagens mais interessantes que ele já interpretou em seus 30 anos de carreira. O orçamento do filme foi de apenas 3 milhões.
Vale destacar que o fato do personagem principal ser gay não tem importância alguma no decorrer da trama, tornando o filme um dos que melhor representa o homoafetivo livre de estereótipos.

Assista ao trailer do filme:

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Porque o Homossexualismo é Errado?


Eu estava navegando pela internet e me deparei com a pergunta: Porque existe tanto preconceito contra homossexuais?


A partir daí eu lanço outra pergunta: Porque o homossexualismo é errado?
Rapidamente alguém irá citar a bíblia e a história de Sodoma e Gomorra, dizendo que ser homossexual vai contra as "leis" de Deus.
Resolvi olhar um pouco mais a fundo esse tema e encontrei o seguinte texto:
"Como todos conhecem os judeus foram escravos dos egipicios fugiram para Canaã chegado na “ terra prometida” foram escravidos pelos assirios , depois pelos babilônios , depois pelos Persas e por fim pelos Romanos. Então, em um dado momento de sua história os judeus perceberam que o único meio de se libertar a escravidão seria aumentando seu contingente populacional para fortalelecer seu exercito ( na época o poder de um povo era estipulado pelo força de seu exército e como antigamente não tinha bomba atômica e armas de exterminio em massa; essa força de uma exercito significava o número de pessoas que ele possuia). Então, desta forma, os Judeus para aumentar seu contigente populacional e liberta-se das escravidão para enfim dominar a “terra prometida”; fazeram uma revolução ética e moral de todos os valores vigentes a época e criaram mitos como de Onã e de Sodoma e Gomorra para recriminar qualquer forma de ato sexual que não estaria destinado a procriação; como por exemplo, sodomia , masturbação e derivados. E então, a partir deste momento passou a santificar e naturalizar o casamento, familia, o homem heterossexual e filhos; e a punir a todos que não se encaixavam nesses parâmetros(...) Evidenciando, assim, dentro dessa perspectiva religiosa os preconceitos eram mais rigorosos aos homens; sobre tudo aos que eram passivos, pois, dessa, forma se igualariam e tornariam inferiores como as mulheres. Vale lembrar que as mulheres por toda historia foram consideradas inferiores moralmente e culpadas pelo pecado original (...)Devida a queda do império romano , invansão babarbaras, feudalismo, peste , caos publico. A igreja catolica passa ser a mais poderosas instituição existente da idade media, tanto financeiramente quanto politicamete; desta forma, então passa a a ter a prerrogativa de dizer a verdade , criar e estipular normas e padrões e normas de condutas a serem seguidos. Então, és que aparece a figura de Tomás de Aquino , considerado por muitos como mais santo dos sabios e o mais sabios dos santos, criador do mecanismo mais eficiente para controlar o comportamento sexual humano na época – mecanismo de controle pelo medo do pecado(...)"
Já na Idade Média "(...)Tomás de Aquino foi o responsável pela pecaminização da qualquer forma de sexo que não fosse destinada a procriação e estipulação de normas de condutas para a copula entre homens e mulheres como por exemplo: o sexo só seria permetido dentro do casamento heterosexual com fins procriativos, não poderia fazer sexo em pé porque não somos bichos , a mulher nunca podeia ficar por cima na relação sexual porque seria contra a natureza divina; E por acaso se as pessoas não seguissem essas normas estariam condenadas a arder no fogo do inferno ou na fogueira da inquisição.
Tal autor inclui a homossexualidade entre os pecados contra naturam- contra natureza- ( não se deve disperdiçar o sêmem em vasos profanos , somente nos vasos sagrado- vagina- para procriação), junto com a masturbação e a relação sexual com animais. Para Tomás, esses pecados sexuais são mais graves do que os pecados secundum naturam, embora estes se oponham gravemente à ordem da caridade, por exemplo: adultério, violação, sedução. Isto porque, para Aquino, a ordem natural foi fixada por Deus e sua violação constitui uma ofensa ao Criador, o que seria para ele mais grave do que uma ofensa feita ao próximo (cf. Suma Teológica, II-II, questão 154, artigo 11, corpo). Santo Tomás de Aquino chega a colocar a prática da homossexualidade no mesmo plano de pecados torpíssimos, como o de canibalismo. A partir de então, devido a enorme influência do pensamento tomista no cristianismo, a palavra “sodomia” popularmente foi-se desvinculando de seu sentido filológico original e passou a ser, em quase todo mundo, conotativa de homogenitalidade, ou então sexo anal, seja este hétero ou homossexual.


O sexo homossexual sempre foi visto como algo impuro, associado a promiscuidade já que vai contra o casamento - que é exclusivo aos heterossexual e é o símbolo máximo da fidelidade - dessa forma, ser gay não seria apenas gostar do mesmo sexo, mas ser infiel por principio - dai você pode imaginar porque tanta resistência em aceitar o casamento gay, porque ele iria ser a prova de que existe fidelidade entre homoafetivos, desmitificando o pecado contra Deus, a moral e os bons costumes apenas para saciar suas necessidades instintivas/animais. Ainda me lembro da associação que fizeram à AIDS aos homossexuais quando ela se tornou popular. Sem dúvida foi mais um mecanismo social de dizer "Deus está punindo vocês" ou "Ser homossexual é contra a natureza". Hoje sabemos que a AIDS não se limita aos homossexuais e que botar a culpa "neles" foi mais uma forma de legitimar o preconceito e a discriminação. Atualmente está acontecendo o mesmo com a pedofilia, ela está totalmente associada a relação homem/menino. Quantos casos de pedofilia você ouviu falar de um heterossexual ou mesmo uma mulher/criança? Mais uma tentativa de "sujar" a imagem do homossexual -principalmente o masculino - como "doente" e incapaz de viver em sociedade.
A "cura" ao homossexualismo é a desculpa - seja divina ou pela ciência - para os preconceituosos. Se você parte do principio de que se pode curar o homossexualismo você transforma os homossexuais em pessoas que não desejam seu próprio bem muito menos o dos outros. Como um doente -infectagioso - que se recusa a ser tratado por falta de informação ou vontade de viver o "errado" - o que nos colocaria na categoria criminoso ou débil.
Na nossa sociedade, sempre que acontece algo ruim nós tentamos associa-lo a aquilo que não gostamos para reforçar nossas crenças e obrigar os outros a segui-las também.
No fundo existe um sentimento de impotência e medo nos preconceituosos relacionado aos seus anseios e desejos, sejam carnais, espirituais ou sociais. Por isso a necessidade de se afirmar como "corretos" ou detentores da "verdade". Os homossexuais representam na psique deles uma afronta a própria vergonha de ser incapaz de quebrar suas amarras e buscar realmente o que desejam - não estou falando em se tornar homossexuais, mas sim de fazer algo que realmente sentem vontade, pois é exatamente o que os homossexuais fazem ao se assumirem.
Resumindo o homossexual que não se aceita como tal está em igualdade com o preconceituoso, pois ambos temem correr atrás de seus desejos e justificam seus fracassos ou imobilização ao pecado, a moral e a vontade de Deus.

Fonte: http://estereotipos.net/2009/06/20/analise-psicossocial-do-preconceito-contra-homossexuais-complemento-historico/

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Filme: Tempestade de Verão

Tempestade de Verão (Sommersturm) conta a história de Tobi, um adolescente líder de uma equipe de remo e melhor amigo de Achim desde a infância. Aos poucos ele vai percebendo que seu sentimento por Achim vai além da amizade, criando uma enorme confusão em sua mente e um insuportável ciúmes de Sandra, namorada de seu amigo. As coisas complicam mais ainda quando uma equipe de remadores gays entra na competição contra sua equipe.
O filme trata da auto-descoberta da sexualidade e todas as confusões que normalmente à acompanham, como tentar se envolver com uma garota para tentar ignorar seus verdadeiros sentimentos, medo de não ser aceito pelo grupo, entre outros.
Sommersturm é uma produção alemã dirigida por Marco Kreuzpaintner em 2004. Nos EUA o filme recebeu o nome "Summer Storm" e no Brasil Tempestade de Verão - não confundir com o drama americano "Storm in Summer" que no Brasil também recebeu o nome "Tempestade de Verão".
O diretor é Marco Kreuzpaintner e ele fala um pouco sobre sua ideia:
"Eu ficava desapontado de sempre ver as pessoas rirem dos gays nos filmes alemães ao invés de rir com eles. Eu queria fazer um filme em que a homossexualidade pudesse ser entendida por um vasto público e não apenas os gays. Eu queria um filme honesto sobre a juventude, sobre a ambivalência e indecisões dessa idade. Um filme que leve a sério os jovens, o seu mundo emocional e sua melancolia. Sendo assim, decidi basear o roteiro em minha própria história."
O filme deu a Robert Stadlober (que interpreta Tobi) o prêmio de melhor ator no Festival de Montreal.
Aqui no Brasil o filme pode ser encontrado apenas em locação, mas no youtube você pode ver o filme legendado dividido em nove partes.

Assista o trailler do filme lançado nos Estados Unidos:

Fonte: http://summerstorm-themovie.com/

Breve debate sobre adoção de casal gay

Conversa que encontrei no "off Topic" do Cifraclub.com.br sobre a entrevista de um casal gay que adotou uma criança que iria passar no programa do jô, os pot's falam por si mesmos:

Fóruns Cifra Club / OFF TOPIC / Entrevista com os gays que adotaram uma criança agora no

Autor Mensagem
Black Fire_Veterano Enviado: 13/dez/06 01:07 - Assistam aí.

Phantom_Of_Death_Veterano

Enviado: 13/dez/06 01:09 - vixx nem vo perde tempo dshuidshdui

Petrus_L_Veterano Enviado: 13/dez/06 01:12 - , deve ser horrível pra criança

TWT ICE_Veterano Enviado: 13/dez/06 01:13 - ela vai crescer e vai ser gay tbm.... sem preconceitos + provavelmente issu q os pais vao ensinar

izzystradlin_Veterano Enviado: 13/dez/06 01:14 - Nada contra...mas nada a favor. Dependendo de como for a Educação da criança pode ser uma coisa ruim, ou boa.

Phantom Of Death_Veterano Enviado: 13/dez/06 01:15 - Petrus_L: , deve ser horrível pra criança
possivelmente ela vai ser tratada carinhosamente, como seria em um casal normal, espero q n tenha carinho a mais shduidshuidshuids, mas vai ter q viver lutando contra esse preconceito... imagina na escola "olhaaaaaaaa, o filho dos viaddduuu!!!"

Petrus_L_Veterano Enviado: 13/dez/06 01:17 - Phantom Of Death sério cara
izzystradlin Nada contra...mas nada a favor.
penso assim também

Black Fire_Veterano Enviado: 13/dez/06 01:17 - imagina na escola "olhaaaaaaaa, o filho dos viaddduuu!!!"
As pessoas são muito atrasadas, educam os filhos pra serem racistas, homofóbicos.

Black Fire_Veterano Enviado: 13/dez/06 01:19 - Black Fire Empolgadão, hein? Vai adotar? =)
Abraços.
Marco Alan Rotta Não, eu sou chegado em criaturas com as quais eu posso me reproduzir =)

Rodrigo_Iron_Veterano Enviado: 13/dez/06 01:21 - + provavelmente issu q os pais vao ensinar
Ninguém "ensina" a sexualidade dos outros...
Eu não sou contra homossexualidade, mas só acho que adotar a criança, numa sociedade como a de hoje, realmente não seria tão bom pra criança, que cresceria sendo alvo de "chacotas" dos colegas, os pais vão ter que educar mto bem esse filho pra ele poder superar todos os preconceitos que vai sofrer....

Black Fire_Veterano Enviado: 13/dez/06 01:26 - Acho que crescer sem pai nem mãe deve ser mais traumatizante que aguentar chacotas. Sei lá, mas todos os gays que eu conheci até hoje eram pessoas boas, com certeza não agrediriam uma criana, ou abusariam sexualmente de uma, igual acontece com uns "machão" que abusam dos filhos e tal.

BokuWa
Veterano
Enviado: 13/dez/06 01:27 · Editado por: BokuWa - , deve ser horrível pra criança
creio q n já q ela vai ser criada achando q isso é normal.

Infelizmente eu não encontrei a entrevista no youtube para posta-la aqui. E quanto ao diálogo, cabe a reflexão de cada um.

Fonte: http://forum.cifraclub.terra.com.br/forum/11/151199/

domingo, 16 de agosto de 2009

O Poder do Dinheiro Gay

Em 28 de julho de 1989, o famoso episódio do Stonewall - Estados Unidos - foi o pontapé inicial para o surgimento dos primeiros grupos ativistas e Ongs voltados à comunidade gay. No ano seguinte New York foi a capital da primeira "parada do orgulho gay". O movimento se espalhou pelo mundo, assim como o número de ativistas, Ongs e pessoas que se assumiam publicamente como homossexuais.
Desde então, as paradas começaram a movimentar o mercado de forma significativa, aumentando o consumo em companhias de viagens, hotéis e comércios. Não apenas movidos pelo público gay, mas também por uma nova "classificação" social denominada "simpatizantes" - amigos e parentes de homoafetivos que como consumidores e investidores, de acordo com estudos recentes , se preocupam cada vez mais em saber se uma empresa é ou não "gay friendly". Rapidamente surgiu o termo "pink money" e o interesse crescente do marketing em identificar as características desse "novo mercado".

Em 21/06/2006 a revista "Isto é Dinheiro" publicou uma matéria falando sobre a parada de São Paulo daquele mesmo ano:
"Com dez anos de existência, a Parada tornou-se o principal evento da cidade, deixando para trás até o milionário circo da Fórmula 1, segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), órgão oficial de turismo da capital paulista. A Parada atrai cerca de 600 mil turistas, que vêm para participar da manifestação, fazer compras e se divertir nos bares, restaurantes e casas noturnas paulistanas. "São pessoas que chegam com uma semana de antecedência e permanecem na cidade até o final do evento. Fora transporte e hospedagem, gastam no comércio local de R$ 180 a R$ 200 milhões", diz Caio Luiz de Carvalho, presidente da SPTuris. "Os gays são o cliente que todo mundo quer: gastam muito e ficam bastante tempo." Com tanta gente e dinheiro, é de se concluir que o evento tenha muitos patrocinadores, dispostos a mostrar seus produtos para esse público poderoso, como acontece com outras Paradas, no mundo todo"
“As empresas estão se preparando agora. É uma fase de transição entre um mercado que era tabu para uma grande oportunidade de negócio”, diz Franco Reinaudo, sócio da operadora Álibi Turismo, e fundador do Bureau de Negócios GLS, um grupo de empresários gays e simpatizantes, empenhados em promover negócios e dar consultorias para empresas que querem dar mais atenção a esse consumidor. O Bureau, segundo ele, tem sido requisitado por várias companhias - a maioria multinacionais - para dar treinamento a executivos e funcionários sobre como lidar com os gays. "Para o público GLS, não é só a qualidade do produto que interessa, mas também a postura da empresa", diz Reinaudo.

"A Capa" de 27/11/2008 disse:
O Governo do Estado de São Paulo lançou no último dia 17 de novembro o 'Selo Paulista da Diversidade'. A medida tem como objetivo promover a inclusão e a igualdade de oportunidades e tratamento aos membros de grupos discriminados pela sociedade.
Criado pela Secretaria de Relações Institucionais do Estado de São Paulo e da Fundação do Desenvolvimento Administrativo, o ‘Selo Paulista da Diversidade’ será usado por todas as empresas que comprovarem ser 'gay-friendly' de acordo com os critérios pré-estabelecidos pelo Governo do Estado e seu Comitê Gestor, que terá a participação de cidadãos comuns.


Em 20/02/2009 saiu uma matéria no "Folha Online" sobre o selo gay friendly, criado no Recife:
"Depois de "descobertos" pelo mercado turístico como um público de alto poder aquisitivo e que gosta de gastar dinheiro quando viaja, os gays viraram definitivamente os queridinhos de muitas cidades turísticas"
"O diferencial do selo recifense é que ele é fornecido pelo RC&VB somente após o estabelecimento ter submetido seus funcionários a um treinamento.Os workshops ministrados pela instituição orientam os funcionários que lidam com o público a não causarem nenhum tipo de constrangimento ao visitante gay. Em hotéis, por exemplo, os empregados são treinados para não se surpreenderem quando dois homens pedem uma cama de casal no quarto"

Na coletiva de abertura das atividades do Orgulho Gay de São Paulo desse ano, o presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT, Xande Santos, disse:

"nosso lugar na sociedade é de consumidores" e para ele isso "é uma ilusão", o que significa que a sociedade quer apenas o dinheiro da comunidade gay. "Os pais ainda discriminam os filhos por serem gays", destacou Xande, para quem ainda somos um dos "últimos tabus".
"ainda somos ignorados pelo Congresso Nacional"

É bem verdade que o interesse das empresas pelo LGBT é econômico - coloco um graças a Deus aqui - o poder econômico crescente está forçando as empresas a fazer palestras sobre como tratar os homoafetivos, "obrigando" preconceituosos a engolir seco seu orgulho e aceitar nosso dinheiro e a nos prestar serviço.
Com isso, as empresas perceberam que precisam proteger seu mercado, forçando o Estado a criar leis de proteção e apoio aos LGBT's consumidores. Girando a enorme roda social caminho da "normalização" da coisa - homoafetivos se tornando benvindos.
O dinheiro é a alacanva que leva as mudanças sociais, os negros conseguiram a "igualdade" quando as empresas descobriram seu crescente poder de consumo, assim como as mulheres e recentemente os idosos. A discriminação é reduzida quando podemos "pagar" por isso, e de acordo com as pesquisas, nos podemos - novamente meu graças a Deus.

Particularmente, tenho uma visão muito otimista sobre as mudanças que virão a favor dos homoafetivos, acredito que 10% da população brasileira ser homossexual, como disse o IBGE está ainda muito longe de um total verdadeiro, que se mostrará muito maior e mais "poderoso" politicamente e financeiramente falando. O que falta é a quebra do estereótipo "negativo" que ainda parece dominar o imaginário popular graças aos meios de comunicação, as igrejas e os grupos extremistas.

A última resistência sem dúvida é a igreja e seu principio de moralidade duvidosa que diz defender os interesses da família homem-mulher - será? - mas até quando ela irá se manter firme em sua postura se negando a receber o lucrativo e desejado "dinheiro rosa"? Bem, acho que é mais um processo em andamento em busca da "normalização", Pois já estamos ouvindo falar em religiões simpatizantes e até mesmo igrejas evangélicas LGBT, mas isso é assunto para outro dia.

Fontes:
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/457/negocios/poderoso_mercado_gay.htm
http://www.acapa.com.br/site/noticia.asp?codigo=8303
http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u507218.shtml
http://www.acapa.com.br/site/noticia.asp?codigo=6442


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Entrevista com Kim Victoriano

Kim Victoriano criador da comunidade "LGBT do ES" no Orkut, já participou em um dos projetos da Ages (Associação de Gays do Espírito Santo) nos conta um pouco de como foi essa experiências e suas opiniões sobre a atuação desta associação no Mês do Orgulho Gay no ES

O direito à diferença - Primeiro eu gostaria de saber qual foi seu envolvimento com a Ages?
Kim Victoriano - Participei de um projeto junto à Ages e a Prefeitura de Vitória que ofereciam treinamento profissional e palestras sobre cidadania para o público LGBT na cidade de Vitória. O mais interessante foi ver o "outro lado", pois há várias realidades que eu não conhecia. Gays que não são aceitos pela sociedade e acabam se marginalizando.

O direito à diferença -de forma geral, do que se tratavam esse treinamento e palestras?
Kim Victoriano - Cursos Profissionalizantes, que em sua maioria estão fora dos limites financeiros dos mesmos. O intuito foi inserir essas pessoas junto a sociedade, visando tira-las das ruas (prostituição)

O direito à diferença - E o que você achou do contato com esse "outro lado" durante o curso?
Kim Victoriano - A princípio foi interessante ter esse contato, pois não fazia ideia de como era a realidade dessas pessoas, temos uma visão distorcida e os ignoramos na maioria das vezes.


O direito à diferença - Como assim?
Kim Victoriano - Os vemos, apenas, como se não tivessem outra oportunidade na vida a não ser se prostituir. Mas pude ver que todos tinham a preocupação de se manter próximos de suas famílias, mesmo que renegados em alguns casos.

O direito à diferença - E porque eles escolheram a prostituição?
Kim Victoriano - Falta de opção. Pois são excluídos de suas próprias famílias, vivem nas ruas, são marginalizados. O que lhes resta? Não vejo como escolha, mas sim uma falta de opção.

O direito à diferença - Qual a importância da aceitação da família na vida de um homoafetivo?
Kim Victoriano - A família é a base, é o ponto inicial para a formação de qualquer ser. Ser aceito por sua "natureza" é muito importante. Você não escolheu ser assim, você nasceu assim.

O direito à diferença - O que falta para isso acontecer com maior frequência?
Kim Victoriano - Acho que isso vai demorar ainda, pois vivemos em uma sociedade racista que vive atrelada a conceitos medievais.

O direito à diferença -E porque esses conceitos ainda são tão fortes?
Kim Victoriano - A "formação" ou a falta dela em sua maioria. Conceitos arcaicos e distorcidos de homossexualidade.


O direito à diferença - Você poderia citar algum?
Kim Victoriano - O conceito de ser uma escolha, ou doença, o termo HOMOSSEXUALISMO, o qual já aboli...foi criado para designar uma doença mental. Muitas pessoas não fazem ideia e usam esse termo ainda. Até por falta de informação.

O direito à diferença - Esse mês é comemorado o Orgulho LGBT no Espírito Santo, a Ages e a Semc organizaram uma programação diferenciada com filmes, ações de cidadania, saúde e beleza. E o "I Seminário de Políticas Públicas e Cidadania LGBT. O que você acha dessa iniciativa?
Kim Victoriano - A correta. As paradas LGBT perderam o foco.

O direito à diferença - Explique.
Kim Victoriano - O intuito seria concientizar a sociedade que existimos e que devemos ser respeitados. Mas, ao invés disso, são vistas como nada mais que um carnaval fora de época.

O direito à diferença - O atentado a bomba na Parada de São Paulo este ano foi um dos motivos da mudança de foco?
Kim Victoriano - Isso já vem acontecendo até antes, não é um fato isolado.

O direito à diferença - Para finalizar, o que você acha que as pessoas poderiam fazer para garantir o direito à diferença e serem aceitos como parte importante de nossa sociedade?
Kim Victoriano - Bem, não acho que tenho essa autoridade para poder dizer, mas na maneira que vivo tento mostrar que além de homoafetivos somos seres humanos. Temos nossos direitos como qualquer um. Não deixamos de ser (seres humanos) porque nascemos assim, não somos diferentes.

O direito à diferença - Obrigado pela entrevista e feliz Mês do Orgulho LGBT.

Comunidade LGBT do ES: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=2150897

Religião e Homoafetividade


Eu decidi falar sobre o papel da religião na vida dos homoafetivos, comecei a procurar por textos na Internet e me deparei com o relato de uma senhora de nome Dora Bomilcar Andrade, uma evangélica que foi em 2005 a uma parada gay para tentar salvar as almas daqueles "pobres coitados", o relato é bem interessante e vou colocar apenas a parte principal dele aqui. O título do artigo é "Uma mãe cristã na Parada Gay", segue o texto:

...Se alguém me filmou e passou nos meios de comunicação me viu chorando. Chorando por mim mesma. Por ter vivido numa redoma dentro de uma comunidade e não imaginar o que se passava lá fora. Chorando por aqueles que procuram preencher suas necessidades emocionais e sexuais de forma tão fora da vontade de Deus. Lágrimas, pela cegueira e por ter perdido tantas oportunidades de mostrar um sentido para o vazio de suas vidas, que só Cristo pode preencher.

Tive vontade de alertar algumas mães levando seus filhos pequenos para ver a parada, dizendo: "Quero que eles cresçam sem preconceitos ou tabus". Apesar do discurso educativo, uma mãe admitiu que as crianças não entendiam bem o que estava acontecendo, encarando aquilo como uma festa qualquer.

As Escrituras condenam efetivamente a prática homossexual.

Nossa missão como cristãos é levar a Palavra de Deus a toda criatura. Precisamos sentir mais compaixão pelas almas perdidas e anunciar-lhes o evangelho da Graça de Deus. Oferecer-lhes a esperança de uma nova vida em Cristo e chamá-los à redenção integral e restauradora de Jesus, o que inclui a conversão da sexualidade.

Fui chamada de homofóbica por algumas lésbicas. Isso me inclui no grupo daqueles que lutam para preservar os princípios básicos da família formada a partir da união de um homem e uma mulher e consideram a homossexualidade como pecado, de acordo com a Bíblia. Cremos na promessa bíblica de que os homossexuais podem ser transformados (1 Co 6.9)...

O texto mostra como os homoafetivos são vistos - de forma geral - pela maioria das igrejas. Vale a pena levantar alguns pontos interessantes sobre o artigo. O primeiro trecho que destaco é "mostrar um sentido para o vazio de suas vidas, que só Cristo pode preencher", vivemos em um país cristão e a grande maioria de nós passou sua infância seguindo e acreditando os ensinamentos - valores - de nossas igrejas, mas quando descobrimos que somos homossexuais e isso vai contra nossa igreja, acaba por abalar todas as referências cristãs que tínhamos até então, criando uma grande confusão em nossas mentes que nos leva muitas vezes ao total desligamento da religião, e todos aqueles valores que ajudaram a formar nosso caráter desmoronam e muitas vezes desaparecerem gerando um vazio em nossos hábitos, costumes, crenças e convívios sociais. É como se de uma hora para outra fossemos abandonados por tudo e todos que sempre amamos e confiávamos - inclusive Deus - pelo fato de descobrirmos que somos diferentes do que eles consideram "o certo". E pior ainda é o sentimento inicial de culpa/pecado, que muitas vezes nunca é superada.

"algumas mães levando seus filhos pequenos para ver a parada" Mães levando filhos pequenos para serem pessoas melhores e acabar com o preconceito é uma iniciativa maravilhosa, em primeiro lugar por mostrar que homossexualismo não se pega e pela própria preocupação das mães em criar um mundo mais humano - com direito às diferenças - para seus filhos.

"As Escrituras condenam efetivamente a prática homossexual" Não sei o que os evangélicos entendem como "prática homossexual", será que para eles uma pessoa é homossexual apenas quando ela faz sexo com outra? Eu garanto que sou homossexual independente de estar com alguém ou sozinho, e digo que é impossível em algum momento eu decidir deixar de ser, mesmo que por um instante. Agora se eu disser: vou ter uma pratica heterossexual. Entende-se que vou fingir ser hetero para alguém. Isso me leva a outro ponto do texto, "e chamá-los à redenção integral e restauradora de Jesus, o que inclui a conversão da sexualidade" Redenção integral eu entendo como desistir de si mesmo, aprisionar seus sentimentos em uma máscara de mentiras.


Não estou querendo mudar os valores das igrejas, cada um tem direito a acreditar no que quiser. Estou mesmo é discutindo o que se passa na cabeça de um jovem que acreditou em algo a vida inteira der repente descobrir que nada daquilo se adapta a sua vida, em sua vida social e na formação de seu caráter. Uma situação angustiante em que ele não pode recorrer nem mesmo aos seus pais - por serem da mesma religião em que ele está em conflito - gerando uma total sensação de abandono e falta de referências. Levando o indivíduo a uma busca de uma identidade instantânea que muitas vezes esbarra nos estereotipos, nos vícios e na tentativa desesperada de preencher um vazio emocional com bens materiais ou carnais.


Fonte: http://www.lideranca.org/cgi-bin/index.cgi?action=viewnews&id=254

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Pesquisas do Inserch e IBGE Sobre o Público LGBT

Provavelmente você já se deparou com algumas perguntas do tipo: quem somos? quantos somos? quais as principais características do nosso grupo? Entre outras...
A falta de "visibilidade" do público homoafetivo está sempre imersa em uma nuvem de dúvidas, o medo da exposição da individualidade sexual e o próprio auto-desconhecimento/aceitação acabam dificultando o levantamento de qualquer dado sobre "nosso grupo", desde quantos somos até um perfil socioeconômico mais detalhado.
A empresa Inserch, especializada em comportamento do consumidor, realizou uma pesquisa em 2007 e chegou a alguns dados interessantes sobre o consumidor homoafetivo brasileiro.

  • "Nós" movimentamos R$ 150 milhões por ano no Brasil.
  • 39% pertencem a classe A e B.
  • 85% compram em média 2 Cds por mês.
  • 94% lêem revistas.

Segundo o censo do IBGE do mesmo ano:

  • Existem 18 milhões de homoafetivos Assumidos no Brasil (10% da população).
  • O poder de consumo gay é 30% maior que os heterossexuais.
  • 57% tem curso superior.

Mais curioso foram os dados recolhidos durante a parada gay do Rio entre 2003 e 2004:

  • 55% dizem participar da parada por motivos políticos.
  • 70% se declarou homossexual e 10% bissexual.
  • 50% tinha entre 19 e 29 anos.
  • 45% frequentam universidades.
  • 50% são brancos, 30% pardos e 11% negros.
  • 40% são gays, 20% lésbicas e 5% trangênicos.
  • Os que alegaram ser bissexuais encontram-se entre os de menor faixa etária.

Bem, é evidente que esses dados são apenas um tiro no escuro do que realmente é o público LGBT, mas servem como um parâmetro para chegarmos à algumas conclusões. O primeiro deles é que o poder aquisitivo dos homoafetivos está influenciando o mercado, que por sua vez está se adaptando para atender a esse público - inclusive dando palestras em empresas sobre homoafetividade e diminuindo assim o preconceito. Até mesmo os Governos estão começando a ver o peso do "voto pink" e criando programas e políticas para atender a essa população.

Já no âmbito social, o fato dos jovens se denominarem bissexuais reforça a falta de referências e o auto-desconhecimento/aceitação, o que os leva a assumir uma postura bissexual, por ser um meio-termo entre o heterosseuxalismo e o homossexualismo, o motivo é simples, uma tentativa de se afirmar sexualmente de uma forma menos impactante com os valores passados por seus familiares, religiosos e grupos de amigos.

Nova Abordagem nas Comemorações do Mês LGBT no ES


Agosto é o mês do Orgulho LGBT no ES. A secretaria de cultura (Secom) juntamente com a Ages trocaram a popularesca "parada gay" por um um festival de filmes, uma programação inédita no Estado e especial para comemorar a data.
Segue o informe publicado no diário de Vitória:


Shows, festival de cinema, seminário sobre cidadania e o II Dia de Cidadania LGBT de Vitória são as atividades programadas para o I Mês do Orgulho LGBT do Espírito Santo, uma realização da Associação de Gays do Espírito Santo (Ages), em parceria com a Prefeitura de Vitória, por meio das Secretarias de Cultura (Semc) e de Cidadania e Direitos Humanos (Semcid) e apoio da Secretaria Estadual de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades).

O Mês é uma iniciativa da Ages, que visa a promover eventos culturais que levem as questões debatidas por militantes LGBT para toda a população. O evento de abertura será realizado nesta terça-feira (04), às 20 horas, com o show Divinas Divas, diretamente do Rio de Janeiro. A entrada é gratuita.

No dia 20 de agosto, em parceria com a Assembléia Legislativa do Espírito Santo, das 13h às 19h30, será realizado o I Seminário de Políticas Públicas e Cidadania LGBT. Entre os debatedores, estará o vice-secretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Perly Cipriano.

No dia 13 de setembro, fechando a programação, acontecerá o II Dia de Cidadania LGBT de Vitória, na Praça do Papa, na Enseada do Suá, de 13h às 22h, com ações de cidadania, cuidados com saúde e beleza, shows, lançamentos de grifes e desfiles de moda.

Diferente das Paradas Gays - que se tornaram uma "micareta gay" regrada a alcool, drogas, baixarias e violência - esse tipo de evento tem grande importância na busca pela consciência e no fim da discriminação sexual. A nova abordagem eleva o público gay a um patamar intelectual ao invés do puramente carnal, gerando uma discussão de sua própria identidade, sua importância na sociedade, seus conceitos e rótulos.

"O festival faz parte do Mês do Orgulho LGBT do ES. O evento traz filmes com temas ligados à diversidade sexual ou de interesse do seu público-alvo. Além de promover o cinema brasileiro, o festival leva às cidades participantes a pluralidade de ideias e a riqueza cultural a partir da mostra de filmes”, ressalta o Secretário de Cultura de Vitória, Alcione Pinheiro.

Uma ótima ideia e uma bela iniciativa das duas entidades. A época de simplesmente dizer "eu existo e não tenho medo de botar a cara na rua" já passou, agora precisamos mostrar quem somos de verdade, sem estereótipos e que fazemos parte atuante da sociedade. Está na hora de criarmos referencias sérias e não apenas as caricatas - e muitas vezes pejorativas - tão populares nos programas de televisão.

Foto: Paula Barreto